O vento uivava na noite atipicamente escura, os galhos das árvores
chicoteavam fazendo com que as sombras formadas pela luz tênue das quatro luas
se transformassem em braços tentando agarrar a escuridão. No solo úmido jaziam
folhas caídas que se espalhavam conforme a ventania alastrava-se pela floresta,
animais de aspectos diferentes se escondiam embaixo de troncos caídos e grutas,
formadas por lápides, onde antigamente fora túmulos.
Ao extremo norte do antigo cemitério, agora conhecida
como Floresta Varium, a quinhentos metros de caminhada, adentrando a escuridão
da floresta, existe uma cabana feita de madeira pouco resistente, contendo
apenas uma janela desgastada pelo tempo e uma porta ao centro da antiga
estrutura. Uma luz tremeluzia pela janela embaçada. Até então, não havia
ninguém que ousara habitar a velha cabana devida sua temerosa localização.
Dentro, encontravam-se três pessoas, dentre elas, uma velha senhora. Seus
cabelos eram ralos e brancos. Metade de seu rosto estava encoberto pela penumbra
e, a outra parte mostrava que o tempo já se passara para ela, delineando rugas
espessas que desciam da margem de seus olhos e se estendiam até algum ponto de
sua pequena estatura. O fogo da vela bruxuleava em uma pequena mesa abaixo da
janela fazendo com que as sobras dançassem por toda a sala. Conseguira notar
muito pouco da feição dos outros dois homens que estavam presente. Um, com estatura
bastante avantajada, vestia-se com uma túnica negra feita com pele de algum animal,
cobrindo inteiramente seu corpo dos pés á cabeça, deixando somente seus lábios
que representavam uma linha fina a mostra. Ao seu lado direito, o acompanhante mostrara-se
por completo. Com cabelos grisalhos e olhos negros. Sua tez branca indicava que
fora um belo homem em seus tempos de juventude. A estatura baixa que possuía
não o deixara menos imponente. Conversavam em tom baixo. Cochichando, por mais
isolado que o local poderia ser, as paredes tinham ouvidos. O homem grisalho indagou:
- Minha estimável bruxa, ouvimos que a senhora tem
conhecimentos peculiares – a senhora deu-lhe um olhar penetrante, mas não o
suficientemente ameaçador para que o robusto senhor parasse de falar.
- Estamos precisando desses conhecimentos.
Principalmente nas artes das trevas – sua voz era de um tom forte e
intimidador.
A senhora sentada em sua cadeira, atrás de uma grande
mesa de cor parda e bastante conservada, olhou para o homem mais alto, que se
mantinha em silêncio e proferiu.
- Não vou ajudar quem mal conheço. Retirem-se ou
terei de usar meus métodos para que saiam – Disse, em tom ameaçador.
Em seguida abaixou a cabeça e continuou a ler o livro
que estava á sua frente.
O homem mais baixo olhou para seu lado esquerdo
esperando uma atitude de seu companheiro que até o momento não movera uma pá em
prol da conversa que estava acontecendo. Em um movimento rápido, o senhor
colocou suas duas mão na mesa inclinando seu corpo para frente, aproximando-se
da bruxa. Ficando a uns trinta centímetros de sua testa, forçando à senhora olhar
para cima e recuar minimamente. Com um sorriso que demonstrara ironia, olhou-a
proferindo.
- Onde estão meus modos? – ouve uma pequena pausa
para que ele pudesse organizar as palavras. – Meu nome é Ranic e o de meu
mestre é Assoth. E agora minha estimada senhora, nos conhece?
Após ouvir os dois nomes, a velha arregalou seus
olhos encarando-os. Levantou-se subitamente de seu acento assustada com um
pequeno meio passo para trás, revelando em sua feição, um ar de temerosidade. Por
fim retomou sua postura com dificuldade, dizendo.
- Lo...Lord Assoth....Então os boatos são reais. –
Exclamou. - Desculpe-me a insolência. Ficarei extremamente gratificada em
ajuda-los. – Com uma leve inclinação de cabeça do grande mago, revelou-se na
pouca luz existente na sala, o lado esquerdo de seu rosto.
A velha fitou o olho esquerdo de Assoth, nele,
continha uma Runa que ocupava o lugar da íris.
Assoth, então murmurou:
- Já perdemos muito tempo, quando poderemos começar a
fomentar nossos conhecimentos? – Sua voz soava fria em um tom grave e audível.
A expressão da bruxa passou de gélida para algo que
misturava medo e loucura mostrando olhos arregalados e desfocados,
transparecendo o desejo de destruição em seu sorriso de dentes podres e débeis.
Sem mais demora, em um movimento atônito, a velha se virou para a prateleira
cheia de livros que se encontrava atrás de si. Levantou seu braço direito,
proferindo algumas palavras desconhecidas. O ar estalou. A prateleira começou a
se mover para dentro da parede, revelando uma passagem que os levaria ao subsolo.
Adentrando o túnel, a velha disse receosa:
– Peço-lhes
que me chamem de Thiana
Os dois homens continuaram a segui-la sem prestar
muita atenção no que a velha acabara de lhes dizer. Após alguns passos, tochas começaram
se acender na medida em que os três passavam.
A prateleira fechou-se em um rompante, escondendo
novamente a passagem. No interior da cabana, restou somente o barulho do vento
que assolava as árvores do lado de fora e as sombras que acabariam por cessar
sua dança com o fim do fogo que as alimentava.
Bom pessoal, este é o primeiro prólogo do meu futuro livro.
Espero que gostem.
Como disse, este é um pequeno rascunho ainda, preciso de aperfeiçoamento.
Não tenho um título definido ainda, mas estou estudando.